A onda de fechamento de fábricas está apenas começando
O anúncio feito pela Ford, sobre o fechamento de sua fábrica no ABC Paulista chocou a todos, pela questão dos empregos e até da história, já que a unidade do Taboão estava prestes a completar 52 anos de atividade.
A recente polêmica sobre a saída ou não da GM do Brasil (que ao que tudo indica era mais uma queda de braço política e sindical) já tinha colocado em pauta uma discussão inevitável: há mais fábricas de carros no mundo do que capacidade para absorver tanta produção e no Brasil não é diferente.
Algumas unidades muito antigas talvez não tenham sido fechadas por questões políticas, ou por aposta na recuperação dos volumes de vendas na região. Mas muitas plantas estão na corda bamba e poderão, sim, encerrar suas atividades.
O que explica a "desindustrialização"?
1) Fábricas novas, mais enxutas, são mais eficientes que cas antigas. É mais barato construir uma fábrica nova do que modernizar uma antiga.
2) Ociosidade das fábricas: o consumo está reduzindo. Mercados na América do Norte e Europa estão estão estabilizados há décadas. A China desacelerou, assustando toda a indústria. A América Latina tem potencial de crescimento, mas sempre apresenta instabilidade.
3) As montadoras já entenderam que seu negócio é "mobilidade" e não fabricar automóveis. Se veem obrigadas a enxugar parte de suas antigas atividades para conseguir investir em automação, eletrificação, compartilhamento, conectividade, etc.
Por isso, notícias de fechamento de velhas fábricas serão comuns, assim como os anúncios de parcerias de montadoras entre si, ou com empresas de tecnologia e startups.
A GM desembolsou recentemente mais de US$ 1 bilhão para comprar a Cruise e a Strobe, especializadas em carros autônomos.
A Ford está fechando fábricas, mas comprou no ano passado a Spin (scooters elétricos), a Autonomic (automação) e a TransLoc (apps de mobilidade).
Os tempos mudaram, precisam mudar com urgência as universidades e os profissionais que estão sendo formados.